Gardunha Sul é o nome do projeto próprio com o qual André Lourenço decide finalmente avançar depois de 15 anos a trabalhar lado a lado com alguns dos mais relevantes e influentes enólogos de Portugal.
Ele ansiava por produzir seu vinho. Um vinho baseado nas suas ideias, no seu conceito, algo que era um desejo pendente, muitas vezes adiado e guardado para o momento certo. A ideia é fazer um vinho na Beira Baixa, de uma forma mais descomplicada e mais focada na essência da uva e no local, na origem, e feito numa atitude muito menos interventiva do que eu fazia profissionalmente. Criar um vinho como se recuasse no tempo ao seu passado familiar de produção de vinho “caseiro”, mais vinho artesanal. Além disso, os seus vinhos teriam de ser únicos, originais, o que só conseguiria com recurso a castas tradicionais, castas velhas que se encontram em fase de abandono ou meio esquecidas, castas locais com forte ligação à origem, pessoas e a terra. André, viu-se numa missão de resgate deste património único e muitas vezes arruinado, ao qual atribuiu às castas tradicionais o papel de pilar identitário do projeto vitivinícola de pequena escala. Em 2020, durante o primeiro confinamento provocado pela Covid-19, o projeto da Gardunha Sul começou a ganhar forma mais concreta. A ideia de fazer vinho em nome próprio, em instalações próprias, levou à conversão de um espaço devoluto da quinta da família no Fundão, em adega. A localização da adega permite conjugar as uvas da zona sul da Gardunha, uvas com melhor maturação devido ao clima quente e seco, com as uvas da zona norte da Gardunha, que maturam mais tarde devido ao clima mais temperado e que dá vinhos mais elegantes. , menos alcoólico e com maior acidez natural. Esta combinação resultará em um equilíbrio natural dos vinhos. Em 2020, porém, viu-se impossibilitado de utilizar estas instalações, o que o levou a contactar pequenos viticultores da zona Oeste (Torres Vedras), para garantir uvas sãs, limpas de químicos e sujeitas a intervenções mínimas. Vinhas onde foram utilizados apenas cobre e enxofre e algumas preparações biodinâmicas. A vinificação, também com intervenção mínima, decorreu numa adega em Torres Vedras, onde se procurou respeitar ao máximo a casta, não recorrendo a qualquer tipo de aditivos na fermentação, e recorrendo a métodos naturais de clarificação: o frio de inverno . Os vinhos não são filtrados. Antes do engarrafamento, foi adicionada uma pequena dose de SO2 para garantir a estabilidade do vinho ao longo do tempo. Em 2021 foi lançado oficialmente o projeto Gardunha Sul, com sede em Vale de Prazeres, no Fundão, mas ainda sem conseguir ali vinificar devido à espinhosa burocracia. Assim, a vindima de 2021 decorreu à semelhança da vindima de 2020, com as uvas provenientes de pequenos agricultores de Torres Vedras, sendo a vinificação feita na mesma adega. A expectativa de conhecer as sensações dos verdadeiros vinhos da Gardunha cresce ainda mais com estes vinhos cheios de alma e sensibilidade onde a essência da uva e do local falam mais alto.