É em Monção e Melgaço, no extremo norte de Portugal, que se diz ter nascido e crescido a casta Alvarinho, ainda antes de qualquer registo escrito. Com ela nasceram e cresceram os produtores que a ela se dedicam. Estoicamente, esta casta veio das margens do rio Minho ao longo das meias encostas das serras, vencendo as oposições do terreno e da altitude, provando o temperamento e a resiliência dos locais que depositaram grande fé na casta Alvarinho, até ao reconhecido sucesso dos dias de hoje. Esta é a curtíssima história de Alvarinho. Mas pode ser a história de muitos dos seus produtores que se dedicam à casta Alvarinho. É precisamente o caso da Quinta do Regueiro e de Paulo Cerdeira Rodrigues.
A Quinta do Regueiro é hoje uma das referências indiscutíveis do Alvarinho em Monção e Melgaço. É um dos produtores mais premiados da sub-região. Nos últimos anos, o Produtor do Ano 2019 foi distinguido pela revista Vinho Grandes Escolhas, entre outros prémios, por exemplo, Quinta do Regueiro Barricas 2019, foi distinguido como Melhor Vinho Branco Nacional 2019, também pela revista Vinho Grandes Escolhas.
Com todas estas distinções, não pense que é uma empresa com uma longa tradição, com uma história profunda, é uma produtora que comemora apenas vinte e dois anos de projeto. Paulo tem o dom de ver sempre mais do que realmente está à vista.
Vejamos este exemplo. Em 2019, para assinalar o seu 20º aniversário, lançámos um vinho com dez anos de envelhecimento em inox e mais dois anos em garrafa, que nasceu quase por acaso na adega. Foi guardado em cuba de inox e como não foi vendido, ficou... até que o vinho daquela cuba ajudou a encher 1900 garrafas, assim que chegou ao paladar dos especialistas, causou furor instantâneo e acabou por ser premiado como o Melhor Vinho Branco Nacional 2019, pela Revista de Vinhos. Este vinho chama-se Quinta do Regueiro Jurássico. É assim que, num misto de instinto e sabedoria com muita humildade, Paulo Rodrigues inova e nutre uma sólida reputação e confiança na qualidade que tem. Quem se lembraria há uns anos de ter feito um vinho que combinava vinhos de mais de duas colheitas? E um branco? Pois bem, foi Paulo Rodrigues e assim criou a gama Jurassic na qual juntou quatro colheitas antigas, 2007, 2008, 2009 e 2010, conservadas apenas em inox. Este vinho confirma o fantástico potencial de envelhecimento dos vinhos produzidos a partir da casta Alvarinho.
A Quinta do Regueiro é, no entanto, uma microempresa familiar de apenas quatro pessoas. Nos eventos que eles frequentam, conhecemos a irmã de Paulo, seu cunhado e demais familiares, exibindo com orgulho e carinho o fruto de seu trabalho. Tudo começou em 1988 com a plantação das primeiras vinhas pela família, uma vinha de 0,3 hectares apenas com a casta Alvarinho, na pequena localidade do Coto, em Melgaço. Com o que colhiam, iam aprendendo, experimentando e também para consumo próprio. Com os mais velhos, Paulo aprendeu a conhecer as artimanhas da vinha. Aprendeu com a videira. Cedo percebeu que tinha de estar perto da vinha, e que o acompanhamento constante da vinha era essencial. Um autêntico vigneron! Esta primeira vinha é uma das joias da empresa, vinha velha de onde provém um dos seus vinhos mais emblemáticos, o Quinta do Regueiro Primitivo, “que desde a primeira edição em 2013 até agora tem tido um desempenho excecional”.
E assim foi, gradualmente, em 1999, à beira do virar do século, ano em que se registou a marca Quinta do Regueiro e se lançou a primeira colheita no mercado. Aos 23 anos, Paulo Cerdeira Rodrigues vê concretizado o sonho de ser produtor de vinhos. Mais tarde, em 2007, foi criada a empresa Quinta do Regueiro - Produtor de Alvarinho Lda, que hoje reúne um total de 6 ha de vinha (3 ha de vinha própria e 3 ha de vinha arrendada), em pequenas parcelas em socalco denominadas "Socalcos" .
Os vinhos caracterizam-se por uma frescura acentuada, acidez viva e citrinos, intensa impressão mineral, possuindo uma impressionante capacidade de guarda/envelhecimento.
E pode ter a certeza que alguma surpresa, algo interessante, virá da Quinta do Regueiro, pois todos os anos são armazenados cerca de 1500 litros e envelhecem durante oito a dez anos. Como ele diz, “2019 foi o ano de ouro, mas está apenas começando”. O seu lema "Pequeno Produtor para Produzir Vinhos Gigantes" não poderia ser mais preciso.