Entre Sintra, Vila Franca, Mafra e Lisboa, a pequena região vinícola de Bucelas sofre a pressão do urbanismo. É aí que, entre um grupo de produtores, a Quinta do Avelar elabora alguns dos vinhos brancos mais distintos e originais do nosso país. A pequena região vinícola de Bucelas está situada a 25 quilómetros de Lisboa. A sua reputação remonta ao período das invasões francesas, quando o Duque de Wellington, liderando a resistência contra Napoleão, ofereceu este vinho ao Príncipe Regente que viria a ser coroado Jorge VI de Inglaterra. O resto, como costumamos dizer, é História. Em 1868, o ilustre professor Ferreira Lapa dedicou a Bucelas comentários muito agradecidos: chamou-lhe um “diamante bruto” que de bom grado situaria “entre Basac e Sauternes” para arredondar os grandes vinhos brancos de La Gironde”. Em 1911, após a implantação da república, Bucelas foi reconhecida como região vitivinícola. É uma zona montanhosa e montanhosa, de microclima excêntrico, frio no inverno, ameno no verão, sofrendo oscilações térmicas que não atingem temperaturas excessivas, decorado por vinhas abrigadas em vales - onde se mantém o calor - ou dispostas em meias inclinações suaves e não muito altas. Duas castas estão muito bem ajustadas ao clima e aos solos argilosos e calcários de Bucelas. O Arinto origina vinhos brancos que adquirem um aroma especialmente frutado, muito floral, com elevado grau de acidez. É a variedade predominante da região. Numa escala muito menor temos a Cerceal, uma casta produtiva, ácida, que se chama Esgana Cão. Na Quinta do Avelar, adquirida pela família Geraldes Barba em 1980, 40 dos seus 233 hectares são dedicados à produção de vinho, originando mil e duzentos hectolitros por ano. Arinto, naturalmente, encontra neste local o seu habitat perfeito. Após a colheita manual, as uvas amadurecem em adega adequada em cubas de inox, por um período de, pelo menos, dez meses, com controlo de temperatura de forma a preservar os seus aromas primários, muito intensos e voláteis. Depois, envelhecem em barricas de carvalho. A Quinta do Avelar Arinto, símbolo da adega, apresenta uma cor citrina e uma prova muito agradável com aromas suaves e frescos a alperce, ananás e citrinos combinados com elegantes notas minerais. Envolvente e muito elegante, dá um final de boca longo e perfumado. Nos últimos anos a Quinta do Avelar começou a produzir Vinhas Velhas. É um vinho tinto originário de um lote de vinhas velhas, com cerca de 80 anos, de Castelão, Trincadeira e Tinta Miúda. Estagia durante 15 meses em barricas de carvalho francês e caracteriza-se pelos seus aromas minerais, gelatinosos e de cassis, suaves notas de especiarias, boa estrutura e grande persistência final. Graças à Quinta do Avelar e a um pequeno grupo de produtores que tentam manter intacta a nobre herança de Bucelas, podemos desfrutar dos brancos frescos, aromáticos e profundamente originais da nossa querida Bucelas. Como um pedaço da História da nossa vida rural, permitem-nos manter o gosto pelas nossas raízes, na sua expressão mais deliciosa tão perto da capital.