Herdade Vale d’Évora, situa-se a poucos quilómetros da bonita vila de Mértola, no baixo Alentejo. A propriedade de 550 hectares inserida no Parque Natural do Vale do Guadiana encanta pela paisagem de grande beleza. É uma reserva de caça selvagem, uma imensidão de montes e terrenos ondulados que serpenteiam o rio Guadiana e bem próximos da vila de Mértola. Visitar a herdade é como um safari, vendo coelhos, lebres, perdizes, e até o lince ibérico. Ao mesmo tempo, esta é uma beleza selvagem, de clima agreste, onde os solos pobres de xisto e a escassez de água fazem com que a vinha viva no limiar, em luta constante pela sobrevivência.
É a vizinhança do rio Guadiana que traz alguma moderação e propicia a acidez fundamental ao equilíbrio final dos vinhos que aqui se fazem.
Apesar de longa tradição vitivinícola, Mértola é um destino de caça por excelência. E a chegada de Paulo Alho, natural de Sesimbra, com atividade profissional na construção civil, aconteceu precisamente devido á caça. Entusiasta da caça visita estas paragens há várias décadas e decidiu adquirir esta propriedade em 2007. O primeiro objetivo foi explorar este couto de caça turística, preservá-lo, reflorestar e criar alguma atividade pecuária.
Mais tarde, em 2009, a família – Miguel, filho de Paulo Alho, é o diretor executivo, apoiado por toda a família e por Nuno Vieira Martins, gestor de projeto - resolve diversificar a atividade da herdade e inicia a plantação de 10 hectares de vinha, numa encosta virada a norte de forma a proteger as videiras do sol tórrido de Mértola, com as castas tintas Touriga Nacional, Touriga Franca, Alicante Bouschet e Syrah, e as brancas Antão Vaz, Verdelho e Arinto.
Quando em 2012, com o primeiro vinho – outro dos gostos pessoais Paulo Alho – depara-se com o impedimento de usar o nome da herdade como marca por fazer referência a uma sub-região do Alentejo, Évora.
Depois de várias discussões sem resultados, a esposa de Paulo em desabafo, “tem sido tão complicado arranjar o nome… tem sido uma discórdia!”. Por fim, a discórdia torna-se concórdia e o nome Discórdia passa a ser a marca dos vinhos da Herdade Vale d’Évora.
Da colheita de estreia, em 2012, que serviu de teste, algumas dessas garrafas estão guardadas para ocasiões especiais.
Em 2016, junta-se ao projeto o sócio Vitor Pereira, natural de Vila Nova de Famalicão, engenheiro civil, gestor e também caçador e amigo de longa data de Paulo Alho.
E os vinhos Discórdia resultam de um equilíbrio assente nos desafios postos por uma das zonas mais quentes do país, em que se aposta na resiliência das videiras, no apertado controlo de produção (4,5 toneladas por hectare) e nos processos culturais, como fertilizações orgânicas, coberta vegetal e boa proteção da fruta. Determinante é também a vindima, as datas de vindima, em que a janela de vindima é muito curta e há que decidir de um dia para o outro. Têm de ser muito rápidos na decisão. No fundo, é o sítio que dá a personalidade aos vinhos.
E nesta década de vida, os vinhos vão mostrando uma autenticidade sem excessos, mas de equilíbrios incomuns, ao contrário do antecipado pelas condições destas terras. Os brancos surpreenderam pela fruta limpa precisa, e pelo viçoso que dão grande prazer e que evoluem bem. Os tintos têm uma robustez muito particular, são vinhos de algum acalorado, só podiam ser, mas são tudo menos pesados ou aborrecidos.
Querem que os Discordia, sejam vinhos sem regra e com alguma irreverência. A condição estremada de Mértola faz com que ao ir ao expoente máximo, não há lugar para muitas castas. Quando querem destacar alguma coisa, quem se destaca são certas castas, o que tem levado ao surgir de vários vinhos monocasta, caso do topo de gama, os Grande Discórdia são de uma só casta.