Em Portalegre, entre algumas das mais belas paisagens alentejanas, o Monte da Torre do Frade orgulha-se de uma história que atravessou séculos para terminar em quatro gerações familiares. Hoje em dia, esta família investe na produção dos seus vinhos de alta qualidade a mesma paixão metódica investida em tudo o que já foi feito. As primeiras memórias destas vastas terras remontam ao século XIV e contam a história de um antigo mosteiro que sucumbiu aos confrontos liberais. As terras foram adquiridas pela família de seus atuais proprietários em 1839. Essa ação determinou o destino das quatro gerações seguintes. Os vinhos só chegaram em 2000, atravessando o gado, cereais, sobreiros e azinheiras e floresta. Nessa data, a sociedade agrícola plantou cerca de 14 hectares de vinha, repartidos por quatro castas tintas adequadas ao terroir: Aragonês, Alicante Bouschet, Trincadeira e, posteriormente, Syrah. Algum tempo depois foram acrescentados dois brancos: Arinto e Viognier e um reenxerto de Antão Vaz. Atualmente a área total coberta por uvas é superior a 30 hectares. A princípio, foram vendidos a terceiros, mas logo dariam lugar à produção do próprio vinho em uma transição meticulosamente planejada. Tal como acontece com muitas vocações tardias, o projecto vitivinícola Torre do Frade foi adoptado com fervor e atraiu desde logo inúmeros sinais de aprovação por parte dos apreciadores. A missão de elaborar o primeiro vinho da marca coube a Paulo Laureano, um prestigiado enólogo que tem vindo a somar-se a lançamentos de vinhos de sucesso em Portugal. E assim nasceu o Torre do Frade Reserva tinto, produzindo 7.800 garrafas. Um blend de Alicante Bouschet, Trincadeira e Aragonês, envelhece em carvalho francês, apresentando uma cor granadina profunda e um aroma forte com muita fruta preta entre notas picantes e fumadas. Na boca é muito elegante, com uma barrica bem integrada, num conjunto equilibrado onde se destaca um final longo e persistente. Pouco depois do seu baptismo, foi galardoada com uma Medalha de Ouro no concurso Mundus Vini e outra no Concurso Nacional de Vinhos Engarrafados em Santarém. 2009 assistiria ao nascimento do primeiro branco da adega, o Torre do Frade Viognier. Esgotou em duas semanas. A encarnação mais recente deste vinho remonta a 2011. Com notas aromáticas de alperce seco e citrinos, é fino na boca e prolongado a meio da prova apresentando uma amplitude considerável, com notas crocantes e minerais; final frutado, fresco e prolongado. É muito elegante, com grande estrutura e distingue-se por um notável equilíbrio entre acidez e intensidade cítrica. A vinícola também produz uma marca de segmento médio chamada Virgo, que declina em tinto e branco. O Virgo tinto 2010 é um blend de Syrah, Trincadeira, Alicante Bouschet e Aragonês com aroma jovem e muito intenso a frutos vermelhos, amoras, cerejas e ameixas. Evolui muito bem na garrafa e transforma-se num vinho muito sólido, picante e contemporâneo. O Virgem branco 2010 apresenta um aroma cítrico intenso com notas florais e de frutas tropicais. Com a boa estrutura Viognier, um bom equilíbrio entre amplitude e frescura, é um vinho muito versátil, quer seja servido como aperitivo ou acompanhando a refeição. Numa sub-região do Alentejo que deu origem a alguns dos maiores vinhos portugueses, a Torre do Frade manifesta a sua decisão de obter o reconhecimento que merece. Com um portefólio breve mas expressivo composto por vinhos de grande qualidade, a quinta parece esforçar-se por alcançar a glória que certamente chegará. Não poderíamos esperar menos de seus pergaminhos seculares ou do belo bairro que embelezam.