Durante quatro séculos, esta quinta foi o berço da família que a acolhe, e foi o terroir das uvas que ali crescem. No diálogo entre as gentes e os vinhos do Douro há uma discreta nobreza e a Quinta das Brôlhas mantém-se ali com uma sabedoria inestimável. Raras são as propriedades que permanecem por mais de quatro séculos sob o domínio da mesma família. Segundo testemunhos que remontam a 1605, foi o que aconteceu com a Quinta das Brôlhas, a quatro quilómetros da Régua, no Douro Vinhateiro. Hoje, propriedade de Macário de Castro Fonseca Pereira Coutinho, descendente de uma vasta linhagem, esta quinta integra dois lotes com o mesmo nome, um na margem esquerda e outro na margem direita. A primeira, em Valdigem, alberga a casa ancestral e a capela do século XVIII. É aí que se faz a vinificação conjunta de todas as culturas, numa adega tradicional com lagares de granito, pipas de castanheiro – e cubas de inox, para aproveitar as virtudes da modernidade. Nos solos xistosos de pequena e média encosta, com exposição sul e oeste, crescem as vinhas enxertadas com as castas típicas do terroir: Tinta Roriz, Touriga Franca, Touriga Nacional, Tinta Barroca, Tinto Cão e Sousão para o tinto; Malvasia Fina, Gouveio e Viosinho para os brancos. A reestruturação das vinhas, finamente feita, salvou cerca de 50 a 120 vinhas velhas. A produção foi dividida entre vinhos generosos e de consumo, com a enologia assegurada pelas mãos competentes da equipa responsável pela Quinta Vale D. Maria. No famoso guia de vinhos Vinhos de Portugal, edição 2016, o conceituado crítico João Paulo Martins enumera quatro vinhos que têm chamado a sua atenção: o branco Quinta das Brôlhas 2014, um lote de Malvasia, Gouveio e Viosinho que se apresenta “bem no nariz , com frutas cítricas e algumas notas vegetais secas… a acidez é viva e dá frescura… o vinho tem o perfil certo para ser servido às refeições”; o tinto de 2013 é referido como “fino nas notas de madeira com fruta madura mas bem composta, tudo muito promissor” num “conjunto refinado”. Destacam-se os tintos Reserva 2010 e 2013. O primeiro tem “um aroma composto pelo tempo, arredondado nas bordas”, com a fruta “mostrando um bom diálogo com as notas vegetais”. É um vinho que demonstra “bom sentido gastronómico” e será “um sucesso à mesa”. O Reserva 2013, escreve João Paulo Martins, é um vinho “cheio de carácter e tenacidade… Muito bem organizado na boca”, com um perfil “elegante”, destinado a ser guardado. Nos últimos anos os vinhos Quinta das Brôlhas têm vindo a acumular prémios em concursos nacionais e internacionais: uma Medalha de Prata na Expovinis, duas Medalhas de Ouro do Instituto dos Vinhos do Douro e do Porto e uma Medalha de Prata no Concours Mondiale de Bruxelles 2012. Entre os socalcos escarpados que embelezam esta paisagem, consagrada Património Mundial da UNESCO, a Herdade acolhe, em edifícios reabilitados, os amantes do enoturismo. Para quem fica em Brôlhas, pode ser fácil esquecer as vicissitudes da vida lá fora. Mas é o próprio vinho que nos desperta para ele, para suas bênçãos e seus prazeres. Best of Wine Tourism 2006 atribuído à Quinta das Brôlhas pela rede das grandes vinhas do mundo.