Coleção: Herdade do Cebolal
Sobre o Produtor
A Herdade do Cebolal está situada entre a região sul da Península de Setúbal e o Alentejo. Um cruzamento de influências entre as duas regiões vitícolas a que se junta outra influência, a do Atlântico, mesmo ao lado. Inserida na Península de Setúbal, em terras de Santiago do Cacém, para Luís Mota Capitão, da 5ª geração à frente da Herdade do Cebolal, nenhuma destas regiões “abraça verdadeiramente a Herdade do Cebolal em si”. Admite, no entanto, que o "Alentejo, talvez, chegue um pouco mais perto" tendo em conta a aproximação à Costa Vicentina por parte de alguns produtores alentejanos. Por isso, Luís afirma categoricamente “a minha região é a costa alentejana!”. Só por esta indeterminação de localização, adivinha-se que os vinhos aqui produzidos terão um amálgama de influências que moldam ou determinam o seu perfil ou os vários perfis. O produtor já entendeu isso, é comprovado pelos vinhos e quem os prova contempla essa evidência. À frente da Herdade do Cebolal estão Isabel e Luís Mota Capitão, 4ª e 5ª gerações respetivamente. A propriedade foi fundada em 1880 pelo bisavô de Isabel. Mais tarde, os vinhedos devastados pela filoxera foram replantados por seu avô. Na geração anterior, o pai de Isabel gostava tanto de Cabernet Sauvignon que foi a Bordéus buscar algumas plantas de Cabernet Sauvignon e fez o mesmo indo à Romeira pedir algumas vinhas de Arinto. Com Luís a assumir a enologia, olha com naturalidade para as castas internacionais, sem as excluir ou negar, afinal estão plantadas na herdade há muito tempo e com este material faz vinhos com história e com histórias, como é o caso de um dos vinhos, Caios. Um vinho de homenagem ao seu tataravô, Caio de Loureiro, um vinho vintage excepcional, uma edição não regular, composto por um lote de vinhas plantadas há várias gerações. Para Luís, é como se estivesse a fazer um vinho feito igualmente entre ele e o avô. Vinho resultante de parcelas e castas, algumas plantadas desde o tempo do seu avô e outras plantadas por Luís Mota Capitão. Curiosamente, o avô de Caio de Loureiro era natural de Cebolais de Cima, e foi a sua terra natal que deu o nome à quinta quando, no final do século XIX, se instalou em Santiago do Cacém, no litoral alentejano. Luís e a mãe deram novos horizontes ao projeto e iniciaram um estudo dos seus 20 ha de vinha e vinhas com mais de 50 anos, identificando 5 microclimas e 12 tipos de solo, a norte com predominância de calcário e xisto mais a sul. Na mesma carreira existem até três tons diferentes de solo. Após a realização deste estudo, Luís começou a trabalhar as parcelas de forma diferente, tendo também em conta a sua climatologia específica. Logo lhe ocorreu fazer vinhos que mostrassem a diferença entre os vinhos dos vários solos, dando origem a um novo projeto com a designação de "vinhos de terroir" ou "vinhos de parcela". Deram origem, por exemplo, aos vários vinhos Castelão e também à trilogia Parcelas dos lotes Alicante Bouschet, Touriga Nacional e Petit Verdot - o primeiro apresentado à quinta pelo avô, o segundo pelos pais e o Petit Verdot por Luís ele mesmo. Um passo decisivo no presente com o futuro em mente e impulsionado por uma forte consciência e preocupação com os desafios das condições ambientais é a mudança decisiva para o que eles chamam de agricultura regenerativa. Basicamente, significa criar "seu próprio microclima" e tentar lidar naturalmente com a pobreza da terra. Aproximando a floresta do vinho. São 65 hectares de floresta e novas espécies foram plantadas, promovendo o aumento da biodiversidade, favorecendo os ecossistemas, estabelecendo corredores de aeração com árvores e arbustos que refrescam o ar e ajudam a baixar um pouco as temperaturas nos períodos mais quentes. A água também é uma questão fundamental. As vinhas totalmente secas são um objectivo. A introdução de novas espécies de culturas escolhidas para criar humidade e hidratação no solo, evitando ao máximo a rega, e ao mesmo tempo gerindo cuidadosamente a sua utilização. Eles estão trabalhando na captura de algas que lhes permite reter água e dar umidade às suas plantas e ser o mais sustentável possível. É uma agricultura sustentável que olha para o todo. É uma perspectiva mais ampla do que a biológica. Conta com a introdução de fauna que também contribui para o aumento de matéria orgânica nos solos. Este trabalho de regeneração/reestruturação do património deu origem aos primeiros 7 hectares já convertidos em Agricultura Sintrópica, “conceito agrícola utilizado para designar um sistema de cultivo agroflorestal e que se caracteriza pelo equilíbrio, preservação energética e ambiental, organização, equilíbrio e integração. agricultura é inspirada no funcionamento e na dinâmica dos ecossistemas". Na vinificação são "artesãos do vinho, respeitando a autenticidade do nosso terroir que se traduz em vinhos com personalidade, respeito pelo meio ambiente e baixa intervenção química". Faz simbiose entre o passado e o presente fermentando com engaço, fazendo co-fermentação, uso de pouca madeira, malolática nos brancos, utilização de lagares de barro, lote da mesma casta mas com origem em solos diferentes, atitude que no conjunto assume a preocupação em produzir vinhos consistentes, com respeito pelo consumidor final. Mais do que um padrão, a Herdade do Cebolal quer que o seu estilo seja entendido. Querem reduzir as quantidades de enxofre, vinhos de teor alcoólico moderado e trabalham no sentido de intervir o mínimo possível, procurando demonstrar ao máximo a autenticidade do vinho. Apesar da definição e mensagem estilística dos vinhos, aqui os vinhos são o resultado de 95% de trabalho na vinha e apenas 5% na adega. Na vinha têm uma vasta gama de castas como Arinto e Fernão Pires, bem como Sauvignon Blanc, Boal, Encruzado, Antão Vaz, Roupeiro, Manteúdo, Castelão, Touriga Nacional, Syrah, Alicante Bouschet, Cabernet Sauvignon, Merlot e Petit Verdot, todos os ingredientes para colocar toda essa diversidade na garrafa. Ao partilhar esta forma de ser, tem ao seu lado o enólogo e amigo Rodrigo Martins, recentemente, para o apoiar na viticultura e na adega. O novo paradigma passa também por garrafas mais leves, utilização de cera natural fruto da parceria com apicultores locais, utilização de papel reciclado para os rótulos, etc. Os vinhos expressam intensa profundidade e rigor sob o efeito do local onde são inseridos, condições como frescura, elegância e carácter que são o íntimo e a matriz dos vinhos da Herdade do Cebolal. A exigência colocada no que fazem não rejeita a inovação e a procura de novos caminhos que tornem a degustação de vinhos uma experiência que passa não só pelo vinho, mas também por uma forma de ser. O enoturismo é também uma oferta bem estruturada, composta por vários programas de visitas e provas, sendo a Herdade do Cebolal parceira em vários projetos inseridos na chamada Rota Vicentina.
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Herdade do Cebolal Clarete 2019 Tinto
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