A Quinta Dona Matilde está entre as propriedades mais antigas da região do Douro, fazendo parte da primeira demarcação decretada pelo Marquês de Pombal em 1756.
Situada na margem norte do rio Douro, na zona da barragem de Bagaúste, não muito longe da Régua, a quinta tem 28 hectares de vinha, instalados entre os 50 e os 300 metros e com uma grande frente de rio.
Sempre dedicada à produção de Vinho do Porto, todas as vinhas da Quinta Dona Matilde têm a letra A, a classificação máxima das vinhas para a produção de Vinho do Porto, fazia parte das propriedades com autorização para produzir “vinhos de fábrica”, os melhores vinhos, aqueles destinado à exportação.
Para além da vinha, a propriedade possui um olival centenário, horta, pomar e ainda uma área de terreno com vegetação natural, que inclui os chamados matadouros, totalizando 93 hectares de intensa biodiversidade.
A Quinta Dona Matilde chegou à família Barros pelas mãos de Manoel Moreira de Barros, em 1927, o grande empresário que fundou o grupo de vinhos Porto Barros. Foi um período de grande desenvolvimento para o negócio vitivinícola da família. Em homenagem a sua esposa Manoel de Barros mudou o nome da fazenda, então denominada Enxodreiro, para Dona Matilde.
Integrada no grupo Barros, que foi alienado em 2006, a Quinta Dona Matilde acabou por regressar a uma parte da família, poucos meses após a venda, quando Manuel Ângelo Barros, neto do fundador, decidiu adquiri-la, mantendo a sua ligação ao Douro.
Manuel Ângelo Barros, que acatou o apelo do pai em 1975 e durante três décadas dedicou a sua vida profissional ao mundo do Vinho do Porto, gerindo os negócios da família, mas também na vida coletiva do setor.
Da aquisição e juntamente com o seu filho, Filipe Barros, em 2007 foram lançados no mercado os primeiros vinhos DOC Douro Dona Matilde. A produção de Vinho do Porto não foi esquecida e a ênfase foi colocada apenas nas categorias de maior qualidade, principalmente Porto Vintage e Porto Colheita.
Mais tarde, juntamente com a equipa, começaram a estudar meticulosamente as suas vinhas velhas com idades compreendidas entre os 80 e os 90 anos. Trabalho que deu origem a um processo experimental e inovador que resultou na criação de uma nova gama superior da Dona Matilde, a
Dona Matilde Vinha dos Calços Largos e Dona Matilde Vinha do Pinto, ambas tintas e ambas provenientes das vinhas históricas da propriedade.
Dona Matilde Vinha dos Calços Largos é um vinho produzido a partir de uvas de uma vinha com mais de 80 anos e cerca de 30 castas tradicionais do Douro, fermentado com leveduras indígenas, de extração suave e com a particularidade de ser totalmente vinificado e envelhecido em inox, sem recorrer ao uso da madeira, algo único na elaboração de vinhos de vinhas mais velhas. A ideia é mostrar o carácter mais puro e primário das vinhas velhas da quinta e ao mesmo tempo demonstrar que é possível fazer grandes vinhos sem envelhecimento em barricas, em que só se destaca a harmonia natural do poço cuidava de vinhas velhas.
Dona Matilde Vinha do Pinto é a vinha mais antiga da Quinta Dona Matilde, com 90 anos e cerca de 30 castas misturadas num blend de campo, uvas que tradicionalmente são utilizadas para produzir os melhores lotes de Vinho do Porto Vintage. É uma vinha histórica que testemunha e relata o Douro e a sua história. São cepas da primeira geração da vinha pós-filoxera, doença que dizimou o Douro no final do século XIX, cuidadas, ano após ano, por sucessivos herdeiros, de bisavôs a bisnetos, e ainda, há tanto tempo, capaz de dar origem a um vinho surpreendente: intenso, aromático, complexo e elegante. São vinhas do passado que têm um carácter próprio e exclusivo. Eles carregam consigo um grande conhecimento empírico da viticultura da época. Como refere Filipe Barros, herdeiro da quarta geração responsável pelo departamento de marketing da quinta, “é isso que se pretende revitalizar o património vitícola. Trata-se de cuidar do legado e dar-lhe vida através de vinhos que são a expressão máxima do lugar”.
Inaugurado com a colheita de 2019, é um vinho com pouca intervenção na adega e sem estágio em barricas de madeira, opção que garante a exuberância dos aromas, mantendo a elegância e complexidade características dos vinhos Dona Matilde.
O Vinho do Porto é um legado que permanece vivo e está na base do projeto Dona Matilde, e o vinho com o qual Manuel Ângelo Barros construiu o seu percurso profissional ao longo de décadas. Para além da gestão, Manuel Ângelo sempre acompanhou de perto o trabalho da sala de provas e do provador (figura da maior importância na produção de lotes de Vinho do Porto), além de ter estudado nas principais escolas de enologia e prova, a que se junta um contacto privilegiado com grandes nomes do Vinho do Porto, adquirindo um inestimável património de conhecimentos sobre o sector.
Para além da qualidade das uvas e aguardentes utilizadas, o trabalho vinícola na tradição da família Barros resulta em vinhos originais, generosos e cheios de personalidade.