Vinha das Penicas é um projecto de Alberto Almeida nascido numa pequena aldeia rural do concelho de Coimbra, S. Martinho de Árvore, a sul da região demarcada da Bairrada. Profissional da área de Saúde Mental, com pós-graduação em psicologia, atua na área de dependências. Nos tempos livres, vive o seu complemento pessoal, que é trabalhar nas tarefas agrícolas da família ajudando os pais no trabalho das terras com as quais estabeleceu uma forte relação com a natureza.
E num impulso, decide regressar àquele imaginário infantil ligado à terra e fazer o seu primeiro vinho na vindima de 2006, que na realidade foi o ano da primeira de muitas provas, “brincando com brancos, tintos e espumantes, uma coisa muito solitária, de alquimista”, lembra. Foi assim, “corrigindo e alterando processos de vinificação, testando diferentes barricas e extrações”, até 2017.
Alguns anos antes, em 1997, foi quando descobriu “essas vinhas velhas” que se apaixonou e a ideia de fazer o seu próprio vinho começou a ocupar cada vez mais os seus pensamentos. A sua inspiração e referência foram os grandes tintos da região da Quinta da Dona, Casa de Saima, Quinta das Bágeiras, entre os quais Alberto Almeida diz ter desenvolvido o gosto pelos vinhos Baga.
Em 2017 nasceu o projeto Vinha das Penicas – Vinhedos Antigos, com o objetivo de criar vinhos com pouca intervenção, a partir de 2,5 hectares de vinhas muito velhas salvas do abandono, divididas em 4 parcelas com idades compreendidas entre os 70 e os 110 anos, pelos municípios de Miranda do Corvo e Condeixa.
Mas é em 2020, quando apresenta oficialmente o Vinha Das Penicas branco e tinto 2017, que vê finalmente o momento da concretização de um sonho, corolário destes 14 anos de provas de vinificação na procura de um estilo de vinhos que transmita a sua interpretação, o íntimo e a essência de um território - as Terras de Sicó.
Terras de Sicó é uma sub-região da IG Beira Atlântico, com uma longa tradição vitivinícola, com excelentes condições para a elaboração de vinhos, preservando um património único de vinhas antigas, plantadas em solos maioritariamente de origem argilo-calcária de diferentes variações e solos. com afloramentos de xisto.
Este é um território de excelência para a criação de “vinhos de autor”, com uma forte carga emocional e a essência de Alberto como homem, cuja primeira preocupação não é uma “obrigação comercial, mas sim um compromisso e uma preocupação de fidelidade a um conceito".
Vinha das Penicas é um nome de grande valor emocional para Alberto, pois era o nome da sua vinha de infância, em São Martinho de Árvore, a vinha onde o seu pai fazia o vinho para a casa. Nestas vinhas dominam Baga e Fernão Pires, a par de mais de uma dezena de outras castas autóctones. A preservação do material genético original é outro dos cuidados de Alberto, suprindo as castas que faltam nestas vinhas ancestrais plantando “bracelos bravos” que foram enxertados com “garfos” das próprias parcelas.
Destas vinhas saem três vinhos elaborados a partir de vinificações com leveduras indígenas, fermentados com engaços, com pequenas doses de dióxido de enxofre e terminados em barricas usadas de qualidade superior originárias de St. Emilion-Bordeaux para os tintos e da Borgonha para os brancos.
A Vinha das Penicas Vinhedos Antigos branco 2017 (em curtimenta), feito de Fernão Pires, Bical, Cercial, Rabo-de-Ovelha e outros. O tinto de 2017 é baseado em Baga junto com Bastardo, Rufete, Grand Noir e outros. O espumante é composto por Baga, Rufete, Bastardo, Grand Noir, Maria Gomes, Bical, Cercial, Rabo-de-Ovelha, Diagalves e Dona Branca.