Em Montargil, a norte do Alentejo, a família Ataíde dedicou o património ancestral que aí possuía a uma causa nobre: a produção de vinhos de alta qualidade. O empenho que têm demonstrado desde então, com a ajuda da prestigiada enóloga Susana Esteban, transparece nos guias de vinhos e no fervor, sempre renovado, dos apreciadores. Durante várias gerações, a Quinta que a família Ataíde considerava sua foi um jardim de delícias, cheio de memórias de infância e fonte de harmonia familiar. Até ao dia, não muito distante, em que decidiram utilizar dois hectares de vinha, constatando que os seus vinhos tinham o poder de uma revelação. A primeira vindima ocorreu em 2007. Deu origem a um vinho magnífico, cheio de carácter. Sua atual proprietária, Rosário Ataíde, iniciou a auspiciosa aventura de criar sua própria marca para mostrar as virtudes de sua terra. Como seu pai, carinhosamente, a chamava de “raposinha”, esse foi o nome que ela escolheu para a propriedade e o vinho. Rapidamente os dois hectares transformaram-se em quinze, e os vinhos da adega tornaram-se um negócio muito sério quando um grupo de grandes apreciadores de vinho os nomeou e os colocou entre os melhores de Portugal. Hoje o Monte da Raposinha está firmemente implantado no seleto grupo dos mais prestigiados produtores de vinho da região. Em 2013, Susana Esteban, eleita Enóloga do Ano pela Revista dos Vinhos em 2010, passou a colaborar com Rosário Ataíde no Monte da Raposinha. O portfólio da marca inclui dois tipos de vinho branco e quatro tipos de tinto, variando desde o primeiro vinho produzido para comercialização, chamado Nós, até a rara edição do Furtiva Lágrima, um tinto para ocasiões excepcionais. Entre estes temos o Monte da Raposinha Tinto e o Monte da Raposinha Branco, reconhecidos pelo seu equilíbrio aromático e grande degustação. O Branco Reserva, feito com Chardonnay e Sauvignon Blanc, que envelhece oito meses em barrica, é muito gastronômico sendo um dos grandes triunfos da marca. O tinto Athaíde Grande Escolha, foi galardoado, em 2015, com o prémio “Melhores Tintos do Ano” do crítico João Paulo Martins quando lançou o seu famoso guia de vinhos portugueses. Com uma nota de 17,5, João Paulo Martins destaca o Grande Escolha 2011 por estar “muito bem no aroma”, num “diálogo de sucesso entre fruta e barrica,… muito apelativo na prova, macio e, no geral, muito elegante” . No que diz respeito à Furtiva lágrima, tem sido, nas suas várias edições, um íman para o arrebatamento dos apreciadores, tendo conquistado o prémio Escolha da Imprensa 2014 e distinguido pela Revista de Vinho com a nota destacada de 18, que lhe conferiu um lugar entre o Topo do Alentejo. É um vinho brilhante, originário dos melhores lotes de barricas de carvalho francês, com uma produção de apenas 2000 garrafas, de Syrah, Alicante Bouschet e Touriga Nacional, que oferece uma excelente prova. A maturidade do Monte da Raposinha quase nos faz esquecer que foi eleito, em 2010, Produtor Revelação pela Revista de Vinhos. Esta é uma das distinções mais importantes que podem ser alcançadas em Portugal. Hoje, meia década depois, essa revelação se tornou uma certeza, impassível, que tranquiliza quem ama seus blends suaves, elegantes e finos. Tolstoi escreveu que todas as famílias felizes são iguais. Os vinhos, felizmente, não são.