Quando dezanove quintas dos melhores terroirs do Douro se juntaram para partilhar uma marca, equipa de enologia e adega, poucos adivinhariam que esta união traria tantos e deliciosos ganhos ao mercado vitivinícola português. Passados dezoito anos, Lavradores de Feitoria é um selo que guarda alguns dos vinhos mais marcantes da paisagem duriense. O início do milénio foi um momento histórico para o Douro. Quinze trabalhadores rurais, proprietários de dezoito de alguns dos terroirs mais invejados das margens do Douro, assumiram a missão de conceber um projeto conjunto, partilhando recursos, técnicas e conhecimentos ancestrais da arte da vinificação. Nascia então os Lavradores de Feitoria, testemunho do associativismo que, até hoje, reúne 600 hectares de vinha que deram à região vinhos notáveis, muito elegantes, equilibrados e com grande potencial de envelhecimento em garrafa, traços que são típico entre os melhores vinhos produzidos no Douro. Uma ampla gama de castas tradicionais da região agrega riqueza e diversidade aos blends, favorecidos pela multiplicação de terroirs. As vinhas de várias maturidades, plantadas em altitudes distintas, assumem diferentes insolações em solos contrastantes. Tudo isto contribui para que lotes como Alvarelhão, Tinta Amarela, Barroca, Franca, Roriz, Touriga Francesa e Touriga Nacional, que são alguns dos vinhos tintos, ou Boal, Códega, Malvasia, Gouveio ou Viosinho, para citar alguns dos brancos, consegue com este produtor de vinho uma expressividade distinta, que se manifesta no carácter e versatilidade dos vinhos. A Lavradores de Feitoria produz lotes de vinhos que são distribuídos por diversas marcas. O vinho de abertura leva o nome da casa. Surgem então as castas Gadiva, Cheda e Três Bagos, elaboradas através de uma rigorosa casta de uvas das dezanove quintas, para preservar a riqueza e complexidade tão características das grandes criações da região. João Paulo Martins, no seu vasto guia Vinhos de Portugal, distingue deste vasto portefólio, o Três Bagos Tinto Grande Escolha, que nas suas várias edições, é sempre avaliado de forma extraordinária, pelo seu refinamento, equilíbrio na boca , caráter e potencial de envelhecimento. Os vinhos de terroir também devem ser creditados. Marcas como Meruge e Quinta das Aguadeiras, em que fica explícita a individualidade de um lote de vinho especial. João Paulo Martins destaca entre estes vinhos o vinho Merugo Tinto, pelas suas características borgonhesas, um vinho pouco concentrado, que apresenta um diálogo irresistível entre a fruta e a barrica, acrescentando apenas que “só se destina ao vinho fino e elegante entusiastas. Um dos nossos Douros preferidos”. Na Quinta da Costa das Aguaneiras, os vinhos tintos destacam-se pelas características opostas de perfis concentrados, muito macerados, mas com boa estrutura, boa acidez, taninos “cooperativos” e bom equilíbrio. Motivada pela qualidade das vinhas que a compõem, a coleção Lavradores de Feitoria está em constante crescimento, abrangendo castas de perfis não convencionais ou edições especiais, de acordo com as oportunidades que surgem. Com tantos produtores de vinho imensamente talentosos, o desafio seria não evoluir. Com este cenário, é previsível que esta empreitada de duas décadas, marca irrefutável da História da região, continue a surpreender-nos nas próximas décadas, trazendo grande contentamento aos amantes do vinho.